Indiretas? Servem pra quem?
Uma questão que nos deparamos, diariamente, em tempos de facebook, são as famosas indiretas. É alfinetada daqui, uma provocação dalí. Quem manda parece se sentir aliviado: “pronto falei!”. Quem recebe, ou acha que recebeu, pode pensar: “isso é pra mim?”.
Mas será que tais colocações realmente funcionam?
O fato é que por mais que tenham um fim específico, de atingir um segundo ou terceiro, tais exposições são carregadas de emoções que expressam muito mais sobre a pessoa que as escreveu, do que sobre a pessoa para a qual elas são dirigidas. É como aquela citação de Sigmund Freud que diz: “O homem é dono do que cala e escravo do que fala.
Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo”.
Dessa forma, frases “despretensiosas”, contudo, recheadas de pretensão, podem ser um sinal de que o sujeito esteja com dificuldades de lidar com alguns sentimentos e tenha pouca tolerância a frustração. Pois, ao invés de se propor a uma conversa aberta e particular com o outro, ou manejar de forma mais autônoma com determinada situação, busca o amparo e o olhar de qualquer um que esteja disponível - nas redes - para sensibilizar-se ou revoltar-se com seus (des) afetos.
O problema é que nessas circunstâncias o individuo acaba se expondo de uma forma, geralmente, exagerada e negativa. Como consequência, pode ter as relações pessoais e profissionais prejudicadas. Quem está de fora fica assistindo e, na maioria das vezes, não se preocupa com nenhum dos lados. Alguns querem mais que a novela continue, acham divertido. Mas, por outro lado, o alvo das postagens pode ficar confuso e sem saber se foi pra ele ou não, provocando defesas e julgamentos como: “quanta infantilidade!”. Sobre esse último item, entretanto, trata-se de uma avaliação razoável, pois fica evidenciado que o autor das indiretas é alguém que não consegue encontrar uma via saudável e menos superficial para lidar com seus pesares. Pela falta de coragem em falar as coisas frente ao outro, de assumir sentimentos e de lidar com eles, supõe-se que precisa amadurecer e superar algumas fragilidades.
Mas, para mudar comportamentos e necessidades, é preciso olhar para dentro si e reconhecer seus pontos fracos. É preciso abandonar defesas como: “Eu? Imagina!” e reconhecer que todo esse cenário configura-se sobre a perspectiva de um falso diálogo, um falsa graça, um falso ar de superioridade, que causam apenas um alívio momentâneo.
Além do que, há um risco significante dessas atitudes se tornarem um bola de neve, alimentando e fortificando raiva, angústia, ansiedade, baixa autoestima, entre outros, não apenas em quem escreve, mas também, em quem lê e abraça a demanda.
Então, para libertar-se desse tipo de mal-estar e inquietação o jeito é conversar e se abrir. Se algo está ruim, fala. Se está faltando algo, se algum comentário te feriu, tente falar. Não é preciso ser um grande mestre na arte do diálogo. Apenas se revelar e deixar a conversa fluir. As palavras são poderosas. No entanto, também é fundamental permitir-se conversar consigo mesmo e buscar entrar em contato com os próprios medos. Reconhecer limites. Depois, as coisas tendem a acontecer naturalmente, entretanto, sem audiência, sem meias palavras, é preto no branco.
Fonte: simplesinsight.com/#!As-indiretas-funcionam-para-quem
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