O que "na verdade" faz você comer


Você já teve a sensação de comer automaticamente, como se comer estivesse, de algum modo, fora de seu controle consciente? Muitas pessoas se sentem assim.

A boa notícia é que comer não consiste em uma ação automática. Processos automáticos são involuntários, como por exemplo, os batimentos cardíacos ou o processo digestivo. Você não decide deixar seu coração bater nem interromper o processo da digestão. Entretanto, você decide comer.

Aqui está outra boa notícia: você pode aprender a ter mais controle sobre suas decisões alimentares.

O PENSAMENTO VEM PRIMEIRO

Talvez você não tenha consciência, mas sempre há um pensamento que precede o ato de comer. Vamos dizer que você veja um pacote aberto de biscoito recheado. Pegar um biscoito e levá-lo a boca não é um processo automático. Seus pensamentos influenciam o que você faz.

Se você pensar... “Eu quero mesmo comer um”; pegar só um não vai fazer diferença se não reagir a esse pensamento, você irá adiante e comerá o biscoito. Por outro lado, se você pensar “Eu realmente quero comer um biscoito, mas não devo porque não faz parte da minha dieta; eu tenho que evitar comer entre as refeições”, então, você não vai comer 
o biscoito.

Os pensamentos que fazem você agir de maneira disfuncional são pensamentos sabotadores. Os pensamentos que conduzem você a agir de forma mais produtiva são pensamentos funcionais.

Observe como os pensamentos de Paulo influenciavam seu comportamento alimentar...

Paulo frequentava um restaurante italiano que servia pães realmente deliciosos. Embora estivesse sempre tentando fazer dieta, Paulo pensava: “Esse pão tem um cheiro tão gostoso. Sei que não deveria comê-lo, mas não consigo resistir”. Com esse pensamento, é claro, ele acabava comendo o pão. Então, pensava: “Estraguei tudo, mas não faz mal, recomeçarei a dieta amanhã”. Continuava, então, comendo exageradamente até o final da refeição.

Poucas semanas depois de começarmos a trabalhar juntos, Paulo planejou ir ao mesmo restaurante. Desta vez, entretanto, havia se preparado para responder aos seus pensamentos sabotadores. Antes de ir para o restaurante, escreveu e leu um cartão que dizia:

Lembrete:

“O pão estará tentador, mas posso resistir.

Para mim é mais importante emagrecer.

Se eu comer o pão terei um prazer momentâneo, mas depois me sentirei pior”.

Paulo, de fato, sentiu-se atraído pelo pão. Ele realmente pensou: “Que cheiro gostoso; eu quero mesmo comer um pedaço de pão”. Mas, desta vez, foi capaz de responder ao seu pensamento sabotador. Não se permitiu escolher a alternativa de comer o pão e se sentiu, de fato, muito satisfeito por essa conquista. Você pode aprender a fazer o mesmo.

COMO SEUS PENSAMENTOS PODEM SABOTAR SUA DIETA

Pensamentos sabotadores tornam a dieta mais difícil em vários aspectos.

Pensamentos sabotadores incentivam você a comer. Observe que você têm inúmeros pensamentos "de permissão", que o autorizam a racionalizar aquilo que come. Eles começam, muitas vezes, com a seguinte frase:

Eu sei que não devo comer isto, mas tudo bem porque...”

e terminam com inúmeras desculpas, como, por exemplo...

... tive um dia difícil;

... é uma comemoração;

... irá tudo para o lixo;

... eu quero tanto;

... não vai fazer diferença.


E por aí vai.

Pensamentos sabotadores minam sua autoconfiança. São pensamentos que surgem depois que você comeu algo que acha que não deveria. Por exemplo, em vez de simplesmente dizer para si mesmo:

“Tudo bem, eu errei; eu não poderia ter comido, mas vou comer direito a partir de agora”
... você acaba dizendo:

“Foi terrível comer; sou tão fraco. Eu, simplesmente, não serei capaz de emagrecer”.

Esse tipo de pensamento também pode ser frequente quando você se pesa e vê que seu peso aumentou, embora você esteja comendo adequadamente. Em vez de dizer para si mesmo...

“Tudo bem! Isto não é tão grave assim, vou continuar fazendo o que tenho feito e meu peso, provavelmente, vai diminuir na próxima semana; e, se não diminuir vou resolver esse problema”

...você acaba dizendo:

“Isto é terrível, nunca vai dar certo. Devo desistir agora”.

Pensamentos sabotadores aumentam seu nível geral de estresse.
Fazer dieta requer tempo e energia, por isso é importante reduzir seu estresse geral, o máximo que puder. A sua maneira de pensar sobre as situações não relacionadas à dieta também contribui para aumentar ou diminuir o estresse. Por exemplo, se, em vez de pensar...

“Eu sou humano, tudo bem ter forças e fraquezas” ...você pensasse “Eu tenho que fazer tudo perfeito”- seu nível geral de estresse aumentaria porque a perfeição é inatingível. Uma outra idéia altamente estressante por também representar uma meta impossível é... “Tenho que fazer as pessoas felizes o tempo todo”, ao contrário de “Eu vou tentar ser agradável a maior parte do tempo”.

Se você puder identificar os estímulos que provocam os pensamentos sabotadores e que o levam a comer de maneira inadequada, você poderá minimizar sua exposição a eles ou mudar a forma de enfrentá-los.

Que “Músculos” você está “fortalecendo”?
Aqui temos dois tipos de músculos: Músculo da Resistência e Músculo da Desistência.

Na verdade estou falando da sua tendência para pensar e agir de determinadas formas.

Todas as vezes que você resiste a alimentos que não deveria comer você está fortalecendo sua tendência a resistir no futuro.

Entretanto, quando você se rende aos alimentos que não deveria consumir, está fortalecendo sua tendência a desistir da dieta.

Então, sempre que você tiver ímpetos de comer um alimento que você não deveria, pense sobre qual músculo você realmente quer fortalecer.

Se você quer emagrecer e se conservar magro, definitivamente você precisa aproveitar cada oportunidade para fortalecer seu músculo da resistência e a enfraquecer seu músculo da desistência.

COMER COMEÇA COM UM ESTÍMULO

Os pensamentos sabotadores surgem quando você recebe um estímulo, uma situação que estimula seu pensamento.

É provável que você esteja mais consciente dos estímulos ambientais como a visão e o cheiro dos alimentos. Você pode também ter estímulos biológicos como a fome, a sede ou o desejo incontrolável de comer.

Há também estímulos mentais: pensar sobre alimentos, ler uma receita culinária, lembrar de alguma comida que você gostou de comer (ou de uma situação na qual não comeu e se sentiu em privação) ou se imaginar comendo.

Existem ainda os estímulos emocionais, os quais são sentimentos desagradáveis como a raiva, a tristeza, a ansiedade, a frustração ou o aborrecimento. Esses sentimentos o incitam a comer para buscar conforto ou se distrair.

Sentimentos agradáveis também podem ser estímulos emocionais. Você pode pensar que, se comer ou continuar comendo, poderá manter os sentimentos bons por mais tempo, ou então, poderá pensar que seus bons sentimentos irão desaparecer caso você restrinja a alimentação.

Finalmente, existem os estímulos sociais. Os exemplos incluem as pessoas que o incentivam a comer ou situações nas quais você gostaria de comer como os demais.

Se você puder identificar os estímulos que provocam os pensamentos sabotadores e que o levam a comer de maneira inadequada, você poderá minimizar sua exposição a eles ou mudar a forma de enfrentá-los.

  • Modificar o seu ambiente de refeição.
  • Tolerar a fome e o desejo incontrolável de comer.
  • Pensar de forma diferente sobre comida.
  • Lidar com as emoções de maneira produtiva.
  • Fazer da alimentação saudável uma condição mais importante do que agradar a outras pessoas ou satisfazer uma vontade momentânea.

Além da Fome
Muitas pessoas que se esforçaram para emagrecer pensam que estão sentindo fome, quando na verdade não estão. Há diferenças entre a fome e outras sensações que se parecem com ela.

Fome: Você experimenta uma sensação de vazio no estômago que é frequentemente acompanhada de ruídos.

Sede: Você experimenta uma sensação de secura na boca que o impele a tomar líquido.

Desejo: Você quer comer porque está influenciado por outros estímulos (frequentemente ambientais) mesmo que tenha recém comido.

Desejo Incontrolável: Você sente uma urgência de comer um tipo específico de alimento, acompanhada de tensão e uma sensação desagradável na boca, na garganta ou no corpo.

DO ESTÍMULO AO ATO DE COMER

Ás vezes, a cadeia de eventos que termina no ato de comer é direta:

Você encontra um estímulo: Alguém oferece um pedaço de bolo



Você tem um pensamento “Esse bolo parece gostoso



Você toma uma decisão “Acho que vou comer um pedaço



Você age: Come o bolo.

Em outras ocasiões, a cadeia de eventos é um pouco mais complicada. Antes de tomar a decisão de comer, você passa argumentar consigo mesmo. Você pensa: “Eu acho que vou comer”... “Não, eu realmente não deveria, mas eu quero muito comer”... “Isto não está em minha dieta. Parece tão gostoso, mas não programei comer isto”. Dependendo de onde termina essa argumentação interna, você toma a decisão de comer ou não.

Esse debate interno entre os pensamentos sabotadores e pensamentos funcionais faz você se sentir tenso. A tensão é desagradável. Muitas vezes, você tentará aliviar a tensão comendo. Porém, antes de comer, perceba: Interessantemente, o que, em geral, acontece é que você alivia a tensão assim que chega ao alimento - antes de levá-lo à boca. Entretanto, da mesma forma que a decisão de “comer” pode reduzir a tensão, a de “não comer” pode também reduzi-la.

Fonte: Pense Magro - Judith S. Beck (Adaptado)

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