Quais são os comportamentos assertivos?
Fazer pedidos
Fazer pedidos inclui pedir favores e pedir ajuda. Implica que a pessoa seja capaz de pedir o que quiser sem violar os direitos dos outros.
É importante que sejamos claros e diretos em nossos pedidos para que não gerem dúvidas ou mal entendidos que resultarão em respostas vagas, nesses casos é conveniente esclarecer o pedido uma ou mais vezes. Se a resposta é clara ou se for negativa, novos pedidos são inapropriados. Em tal situação, um único pedido para que a pessoa possa reconsiderar sua posição pode ser adequado, mas não mais. Insistir, apelar, insultar e recorrer para atribuições dos verdadeiros amigos são consideradas manipulações, que não cabem no contexto da assertividade.
Os pedidos devem ser: claros, diretos, não precisam de justificativas e não precisam de pretextos. As respostas negativas não devem ser tomadas de modo pessoal e é preciso estar preparado para ouvir tanto um “não” como um “sim” e respeitar o direito da outra pessoa em dizê-lo. Respeitar o direito do outro é uma característica do comportamento assertivo.
Como exemplo, a seguir, uma situação de uma senhora que precisa trocar uma nota de 100 reais para pagar um táxi e se dirige ao jornaleiro fazendo essa solicitação:
Senhora: “Bom dia! Será que o Senhor poderia trocar essa nota de 100 reais pra mim?” (PEDIDO ASSERTIVO, SEM JUSTIFICATIVAS OU PRETEXTOS) Jornaleiro: “Sinto muito, no momento não posso atender seu pedido” Senhora: “muito obrigada” |
O mesmo pedido feito de maneira não assertiva seria:
Senhora: “Bom dia! Será que o Senhor poderia trocar esta nota de 100 reais para eu pegar o taxi já que ele não tem troco?”(PEDIDO NÃO ASSERTIVO COM JUSTFICATIVA E PRETEXTO). |
Pedir mudança de comportamento
Se a maneira de agir das pessoas não nos agrada ou se nos sentimos prejudicados é importante que expressemos nossos sentimentos e peçamos uma mudança de comportamento. Fazemos isso freqüentemente, quando criticamos justificadamente. Nessa modalidade de pedido de mudança de comportamento a solicitação aparece de forma direta especificando o comportamento a ser modificado e o comportamento desejado.
Muitas pessoas pedem mudança de comportamento e não especificam que comportamento seria o desejável, o que dificulta o processo. Expressões como: “Não faça isso”, “fale com as pessoas de modo diferente” ou “peço que mude de atitude”, podem confundir o interlocutor porque não deixa claro o que precisa ser mudado e qual o comportamento desejável para aquela situação específica.
A solicitação de mudança de comportamento deve incluir a descrição do comportamento que se pretende suprimir, a expressão de desagrado que ele causa, a especificação do comportamento que seria indicado e as possíveis conseqüências da mudança. É importante que depois que a mudança de comportamento for alcançada, a pessoa seja reforçada positivamente, isto pode ser feito através de um elogio.
Recusar pedidos
Recusar um pedido muitas vezes faz com que a outra pessoa se sinta aborrecida e tente nos persuadir. É importante que não usemos justificativas, pretextos ou razões para a negativa e que sejamos persistentes na resposta repetindo-a quantas vezes forem necessárias.
Dizer não
Recusar pedidos de maneira adequada requer que a pessoa seja capaz de dizer “não” quando desejar e não se sinta culpada por fazê-lo. Temos o direito de negar pedidos que consideramos pouco razoáveis e de dizer não a pedidos que não queremos atender.
Expressão de incomodo, desagrado e desgosto de modo justificado
Muitas vezes ficamos incomodados pelo comportamento de outras pessoas em determinadas situações. Se uma pessoa faz algo que limita de alguma forma a nossa felicidade, temos o direito de tomar uma atitude a respeito. É importante ressaltar a responsabilidade de comunicarmos o que estamos sentindo sem sermos agressivos para que não humilhemos outra pessoa.
A expressão de incomodo pode mudar ou não a situação, mas será essencial para que a pessoa se dê conta de algo que nos incomoda e não repita no futuro. É conveniente expressar incômodo e desgosto de modo justificado no momento próprio, de modo que não acumulem esses sentimentos.
Fazer críticas
O comportamento assertivo envolve fazer críticas. Ninguém gosta de ser criticado, portanto criticar de maneira a obter sucesso e conseguir a mudança de comportamento desejada requer habilidade.
Antes de criticarmos é importante levarmos e conta alguns quesitos como:
· Avaliar se vale a pena criticar determinado comportamento (este pode ser muito insignificante e não tornar mais a acontecer)
· Evitar fazer acusações, dirigindo a critica ao comportamento, e não à pessoa como “não gosto que deixe sua mochila em cima da mesa” (crítica feita ao comportamento) a mesma crítica feita a pessoa seria “você é bagunceiro e desorganiza a minha mesa quando deixa a mochila”
· Pedir mudança de comportamento especificamente. No exemplo da mochila “gostaria que você deixasse sua mochila no quarto e não em cima da mesa”
· Expressar os sentimentos negativos em primeira pessoa e não em termos absolutos, como “eu fico muito triste quando você deixa a mochila em cima da mesa”
· Começar e terminar a conversa em tom positivo, por exemplo: “fico feliz que tenha chegado em casa, mas por favor não deixe a mochila em cima da mesa, que bom que chegou bem em casa”
· Escutar o ponto de vista da oura pessoa e terminar a conversa quando esta puder acabar em atrito. Utilizando a mesma situação “ao chegar deixe a sua mochila em cima da mesa” (crítica ao comportamento) “você sabe que chego cansado e com fome” (argumentação colocando o ponto de vista) “ok, depois que comer, retire sua mochila da mesa e da próxima vez o que tem a fazer e colocá-la no seu quarto” (pedido de mudança de comportamento) “você é muito chata com essa sua mania de organização!” (início de atrito) “vai almoçar e depois conversamos calmamente” (encerrou a conversa quando ela podia terminar em atrito)
Receber CríticaS
O comportamento assertivo também envolve receber críticas, como não podemos agradar a todos certamente seremos criticados, não importa quão boa sejam as nossas relações.
A crítica é apenas uma opinião alheia, um julgamento pessoal do comportamento, não uma regra feita no céu ou na suprema corte, que precisa ser aceita automaticamente e muitas pessoas aceitam passivamente a crítica como um fato, quanto que outras empenham uma luta verbal com o crítico para se defender.
A forma como recebemos as observações críticas que nos fazem afeta diretamente nossas relações.
O comportamento desejável ao receber uma crítica seria deixar a crítica seguir até o fim, procurando não se justificar ou se defender. Somente depois da crítica terminada, expressaríamos o que desejamos e aí sim se quisermos nos defender deveremos fazê-lo.
Precisamos aprender a discriminar quando a crítica é construtiva e quando é destrutiva. A maneira mais simples de distinguirmos o tipo de crítica a que estamos sendo submetidos é pedir detalhes. Quando pedimos detalhes, pedimos ao crítico que seja mais específico, se de fato ele quer ajudar com seu comportamento, saberá fornecer material e dar feedback. Mas, se o crítico só quiser encher a paciência, ele não conseguirá ser específico e acabará ficando sem graça e certamente parará.
EXPRESSÃO DE AMOR, AGRADO E AFETO
Nossas relações íntimas com as pessoas são experiências profundas e importantes. Temos o direito de expressar, de maneira adequada, sentimentos de amor, agrado e afeto àquelas pessoas para com as quais temos estes sentimentos. Para muitas pessoas, ouvir ou receber essas expressões sinceras constitui uma interação muito agradável e significativa e, ao mesmo tempo, fortalece e aprofunda a relação.
Quando as palavras e as ações vão na mesma direção, transmitem mais. A falta de expressão de sentimentos de amor, de carinho, pode fazer com que a outra pessoa se sinta esquecida ou não apreciada, e isso pode minar a relação. O amor por uma pessoa, geralmente, é expresso das seguintes formas:
· Expressão verbal de afeto. Por exemplo: “Gosto de tudo em você”.
· Autorrevelação: expressam-se os fatos íntimos. Por exemplo: “Fico arrepiada quando fala no meu ouvido”.
· Evidência não material do amor. Por exemplo: dar apoio emocional e moral, mostrar interesses pelas atividades do outro e respeitar suas opiniões.
· Sentimentos não expressos verbalmente. Por exemplo: sentir-se mais feliz, mais seguro, mais relaxado quando o outro está do lado.
· Evidência material do amor. Por exemplo: dar presentes, realizar tarefas físicas.
· Expressão física do amor. Por exemplo: abraçar, fazer carinho e beijar.
· Propensão a tolerar aspectos menos agradáveis do outro. Por exemplo: tolerar exigências para manter a relação.
Fonte: Estratégias de THS: Treinamento em Habilidades Sociais. Org. Monica Portella. Ed. CPAF-RJ
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