Paciência x Impaciência


IMPACIÊNCIA, UMA ARMA PRONTA A DISPARAR 

Vamos ser realistas e levar em consideração que na maioria das vezes a impaciência se transforma em raiva. Expressar a energia da raiva pode ser viciante. Porquê? Bem, porque dá um senso de utilidade, de capacidade e ação, há um imediato alívio da angústia subjacente à raiva, embora a curto prazo. Esta é a mesma razão porque bebemos quando temos medo, ou comemos quando nos sentimos sozinhos, mas estas estratégias só funcionam por poucos minutos. É o ganho a curto prazo, que se transforma no principio da dor a longo prazo.

Outra forte razão que solidifica a noção da que a raiva pode ser viciante, é que quanto mais vezes nos deixamos absorver pelo momento quente da impaciência, o “hábito” torna-se mais enraizado. A tolerância para o sentimento de raiva aumenta. E, quando disparada, podemos inconscientemente, automaticamente, aumentar a irritabilidade com as pessoas que interagimos ou mesmo os nossos entes queridos. A pessoa num estado de raiva, entra normalmente em negação sobre os efeitos da raiva sobre os outros, bem como nela mesmo.

A VULNERABILIDADE DA RAIVA 

Raramente temos explosões de raiva de forma espontânea, ou seja, vindas do nada. No que toca aos relacionamentos, a raiva pode ser considerada como uma construção a longo prazo. Pouco a pouco vão crescendo algumas ervas daninhas que constroem o substrato da raiva, a alimentando, a fazendo crescer ao ponto em que se torna autônoma e automática.

As nossas irritações diárias, julgamentos e erros que experimentamos nos relacionamentos podem ser sutis. Podemos nem mesmo reconhecer que estamos sendo impacientes. Mas essas irritações menores podem ser muito destrutivas para a manutenção do “porto seguro” que todos nós queremos nos nossos relacionamentos mais íntimos.

Quando tudo está indo às mil maravilhas nas nossas relações, não há problema. Mas, nem sempre é assim, vem o dia em que, por exemplo, alguém nos faz esperar quando estamos prontos para sair, ou nos dá “aquele olhar frio”, ou faz uma observação sarcástica, ou fala sobre nós, ou critica o nosso pais, ou nos chama de idiota e nós ficamos fora de nós, pensamos: “Ninguém me vai tratar assim”.

O ciclo passa a ser contínuo e vai crescendo: estamos em paz, aí depois alguém faz ou não faz alguma coisa, então o outro se sente insultado, julgado, ou com medo. Em seguida, nos retraímos ou atacamos. E, depois, à distância a pressão interna vai aumentando. Chega a um ponto em que inevitavelmente o vulcão emocional entra em erupção, deixando ainda mais dor. Pode voltar a existir um breve período de paz, mas, em seguida, o ciclo começa novamente. E isto se torna cansativo.

Bem, se você quiser escapar dos ciclos intermináveis ​​de farpas e bálsamos, e ao mesmo tempo crescer, há uma saída. Tem que trabalhar arduamente na virtude da paciência à moda antiga.

QUANDO PRECISAMOS DE PACIÊNCIA

A necessidade de termos paciência ocorre quando somos desafiados numa das duas maneiras:

- Obtemos algo que não queremos/gostamos
- Não obtemos algo que queremos/gostamos.

Nestes casos, temos a sensação de que as coisas não estão indo no caminho certo. É quando os nossos egos chocam. Com impaciência, emerge a irritação com algumas coisas que parecem nos atrasar, ficamos com a percepção de que as coisas estão se movendo num ritmo mais lento do que queremos.

Estes desafios nos fazem sentir mais vulneráveis, possivelmente com medo, e o mais provável é que passemos a ter respostas instintivas para nos protegermos, aos nossos valores e a tudo o que é “nosso”. A pressão interna e ansiedade vão subindo à medida que as frustrações se vão somando. A ausência de paciência nos empurra de forma urgente para continuar o nosso caminho à nossa maneira. Sempre que a tensão interna aumenta, sempre que a frustração se faz sentir e a luta de egos entra em ação, acionar a virtude da paciência é imperativo.

O QUE É A PACIÊNCIA?

De acordo com a Wikipédia, Paciência é uma virtude de manter o controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente de tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda ordem, de qualquer hora ou em qualquer lugar. É a capacidade de persistir em uma atividade difícil, tendo ação tranqüila e acreditando que você irá conseguir o que quer, de ser perseverante, de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha tido, capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa, capacidade de se libertar da ansiedade. A tolerância e a paciência são fontes de apoio seguro nos quais podemos confiar. Ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância.

OLHAR PARA NÓS MESMOS É DO NOSSO INTERESSE 

A paciência é o processo de nos voltarmos para dentro de nós mesmos e entrar em contato direto com a pressão interna, e igualmente com a calma e tranqüilidade. É tomar consciência dos sentimentos vulneráveis (pensamentos e sentimentos negativos) ​​e inquietação, e em consciência não inflamar os acontecimentos ou situações que fizerem disparar a defesa do ego. Devemos fazer um esforço para não escalar e exacerbar os pensamentos e sentimentos negativos avaliando o quão “maus” são. Tente apenas presenciar a sensação de desconforto, sem que necessariamente tenha de agir nesse estado. É preciso coragem. É preciso treinamento mental para enfraquecer os hábitos antigos que nos conduzem para o insulto, ou retirada.

O que é então a paciência? É entrar em contato com o impulso emocional para fazer alguma coisa em reação ao que nos provocou e conseguir travá-lo. O impulso emocional pode ser para criticar, para nos defendermos, para comer em excesso, para usar uma substância aditiva.

Não é um traço de caráter fácil de desenvolver. Então, porque devemos desenvolver a paciência?

SENTIR RAIVA É UMA CAUSA DE DOR 

Uma das razões para trabalhar na impaciência da raiva é que o hábito da raiva torna-se mais e mais fortes ao longo do tempo. Pense na forma como um alcoólico desenvolve uma tolerância ao álcool. O mesmo acontece com a raiva, quanto mais nos deixamos experimentar e viver essa sensação, mais enraizado fica esse disparo emocional tremendamente forte. E à medida que o tempo vai passando a irritabilidade vai aumentando. A raiva alimenta o mau-humor, a intolerância e turvam o raciocínio e a clareza de pensamento.

A IRRITABILIDADE NOS SEPARA DOS OUTROS E BLOQUEIA O ACESSO À SABEDORIA INTERIOR 

Quando acionamos o nosso ciclo aparentemente interminável de “velhas histórias” perdemos a presença de espírito conosco e com os outros.

Exemplo: “Eu não posso acreditar que ela fez isso de novo! Eu disse que aquilo me incomodava. Como é que ela pode estar no mundo da lua dessa forma? Isso nunca vai dar certo”.

Num estado de irritabilidade acionado por “velhos” problemas, acionamos igualmente os mesmos padrões de pensamento e comportamento. Não conseguimos trazer luz aos assuntos e fazemos disparar os velhas lenga-lengas de costume. Não damos a nós mesmos oportunidade de ceder a formas mais assertivas e sábias de raciocínio e resolução de problemas.

QUANDO CONSEGUIMOS CONFIAR EM NÓS MESMOS PARA SERMOS PACIENTES, ACIONAMOS O AUTO-RESPEITO E FORÇA INTERIOR

Quando cedemos ao momento que fica entre o estímulo e a resposta, abrimos uma janela à consciência e sabedoria interna. Percebemos que podemos não ser vítimas de nós mesmos, que não precisamos “morder o anzol”. Percebemos que temos oportunidade de fugir aos “velhos” hábitos que tantos problemas nos têm dado. No espaço entre o estímulo e a resposta fica alojada a paciência. Quando ficamos nesse intervalo de bem-aventurança, emerge em nós uma força interior tremenda que nos permite ter confiança em nós mesmos no sentido de permanecermos calmos, tranqüilos e conseguirmos encontrar uma resposta assertiva para o problema em mãos.

PERCEBERMOS O QUE QUEREMOS SER 

Para refletirmos é necessário acalmarmos a nossa mente. Para fazermos uma pausa introspectiva na nossa vida é necessário cultivar a virtude da paciência. A paciência nos permite entrar num estado de reflexão interna, permite a ponderação e a análise de várias opções e possibilidades. Nos permite ceder à razão e assim em consciência conseguimos perceber como queremos ser e agir em determinadas situações.

Dica: Na vida em geral a paciência é uma virtude que alimenta as decisões ponderadas. A paciência nos deixa ceder ao momento presente e atualizarmos as respostas em função dos acontecimentos do momento. A paciência ou ausência dela é um fator chave na transformação dos relacionamentos em maldição ou bênção.

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