O que a Ciência e a Psicologia tem a dizer sobre o Amor?

O psicólogo David Buss, da Universidade do Texas, afirma em seu livro A Evolução do Desejo, em uma pesquisa feita com 10 mil pessoas, que os homens dão mais valor à beleza e à juventude, e as mulheres estão mais preocupadas com o nível socioeconômico do parceiro. Para esse fato existe uma explicação cerebral: o homem ao olhar para fotos de sua esposa/namorada, sua atividade cerebral se concentra nas áreas de processamento visual, como a área fusiforme, que processa a imagem de rostos. E quando a mulher olha fotos de seu marido/namorado, aciona circuitos relacionados à memória, atenção e motivação, como o corpo do núcleo caudato e do septo; logo para as mulheres a beleza não é o mais importante – isso significa que não deixa de ser, é somente mais um instrumento para conhecer melhor o homem.

As mulheres, quando estão em busca de um caso passageiro, tem por hábito escolher homens de traços bem marcados, mais masculinos; e quando pensam em buscar uma relação séria, preferem aqueles de traços mais finos/delicados. Esse foi um estudo realizado pela Universidade de Michigan, que explica que os homens com traços mais marcados tendem a ser saudáveis e passar genes de boa qualidade para seus descendentes, logo são mais atraentes para a mulher; porém também tendem a ter mais testosterona – hormônio que aumenta a tendência à infidelidade e violência.
A psicóloga Lise DeBruise, realizou um estudo pela Universidade de Stirling, na Escócia, onde foi descoberto que quanto melhor o sistema de saúde de um país, mais as mulheres decidem por homens com traços delicados, pois se no lugar onde vivem existe menos doença, já não precisam tanto de genes muito fortes para gerar descendentes saudáveis. “Homens muito atraentes costumam ir atrás da estratégia mais conveniente para eles: as relações de curto prazo. Já os mais femininos tendem a ser melhores provedores” afirma a psicóloga.

Também é provável que as possibilidades iniciais de se estabelecer qualquer tipo de relacionamento sejam maiores com pessoas parecidas entre si. A semelhança parece desempenhar um papel importante na escolha do companheiro. Na Escócia, cientistas constataram que, ao serem confrontadas com uma série de fotografias de homens, as mulheres sempre se sentiam mais atraídas por elas mesmas - antes do teste, os cientistas tinham convertido digitalmente as fotos dessas mulheres em rostos de homens. Mas, no momento da decisão existe um fator que pesa mais: a sensação de ser particularmente apreciado pela pessoa. Segundo Art Aron, renomado psicólogo social nova-iorquino: “Ser notado por alguém, ou até mesmo só imaginar isso, é um afrodisíaco potente.”

Antes mesmo de conversar com uma pessoa que nos interessa, o corpo se comunica. Através do cheiro preferimos pessoas cujo sistema imunológico seja complementar ao nosso, com quem possamos gerar descendentes com maior capacidade de resistir a doenças. “Enquanto crescemos, vamos criando um conceito da pessoa por quem iremos nos apaixonar, baseado nos exemplos que encontramos por aí. E os parceiros que encontramos podem corresponder a essa expectativa ou não” afirma Semir Zeki, neurologista da University College London.

A paixão está relacionada com a “dança” dos hormônios dentro de nossa cabeça. Por isso não decidimos por quem vamos nos apaixonar. É espontâneo. O porquê de duas pessoas se escolherem “frequentemente escapa a uma lógica clara”, afirma Aron. Mas quando se já está apaixonado, nos ocorrem boas razões a favor do parceiro.

Temos três mecanismos cerebrais que controlam o amor em nós: desejo sexual, paixão/romance e ligação/companheirismo.
O desejo sexual está ligado à quantidade de testosterona (homens e mulheres). A paixão/romance é alimentada pela dopamina. E a ligação/companheirismo, é alimentada pela ocitocina (na mulher) e pela vasopressina (no homem). Estes mecanismos são independentes, mas interferem uns com os outros. Ou seja: Uma mulher pode amar seu marido, estar apaixonada pelo vizinho e sentir atração pelo Jhonny Depp, tudo ao mesmo tempo.

Essa interferência pode ser observada na hora do sexo, pois pode aumentar os níveis de dopamina, que estimula a paixão e romance. O orgasmo provoca a descarga de ocitocina e vasopressina, hormônios de ligação/companheirismo. Portanto não existe o sexo sem total envolvimento, sempre se corre o risco de se apaixonar por quem não tinha a intenção de se envolver.

A certeza da paixão é marcada pela expressão de quem está “nas nuvens”, a pessoa passa a comer e dormir menos, e fica horas pensando na pessoa amada de forma compulsiva, assim como os viciados em drogas, pois o neurotransmissor da paixão, a dopamina, é o mesmo envolvido nos casos de dependência química. A paixão também envolve o núcleo accunbens, que controla o sistema de recompensas, que é o mecanismo que nos faz buscar coisas prazerosas. “O sistema de recompensas avisa o cérebro sempre que uma coisa boa está para acontecer. Ficamos altamente motivados, antecipando o prazer que virá”, afirma Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da UFRJ.

A relação se inicia e o tempo passa. A rotina conjugal passa a fazer parte da vida do casal, e apesar de ser boa, tem uma conseqüência ruim: desencantamento, moderação e desinteresse pelo sexo. Isso ocorre, pois com a rotina, o nível de testosterona cai. Logo se iniciam os problemas; sem a paixão do início, o casal começa a enxergar o outro como ele realmente é.
“Do mesmo modo como é impossível ter uma vida plenamente satisfeita quando se está constantemente embriagado, também não se pode estar permanentemente apaixonado”, compara Thomas Lewis, formulador da Teoria Geral do Amor.

Diante disso como fazer a relação dar certo? Existem muitos livros que falam sobre isso, mas é importante saber que um estudo da Universidade da Califórnia revelou que na Índia onde 95% dos casamentos são arranjados, os casais têm níveis mais altos de satisfação que no ocidente. Mesmo parecendo para nós incoerente, a explicação está no fato de que lá eles iniciam a relação sem esperar muita coisa, o amor nasce pequeno e cresce com o passar do tempo. Aqui, depositamos nossa esperança, expectativas, sonhos; tudo sobre a pessoa que amamos, e com o tempo, o amor vai diminuindo. O ideal é não gerar expectativas.


Bibliografia 

Revista Superinteressante, edição nº 278. São Paulo: editora Abril. Maio/2010.

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