O Stress e a abordagem cognitivo comportamental


O stress é visto pela abordagem cognitivo comportamental como uma resposta negativa do indivíduo a determinadas situações interpretadas por ele de maneira distorcida e disfuncional, muitas vezes pelo modo de pensar sobre os eventos, sobre si, sobre o mundo e sobre as pessoas; ou seja, as crenças centrais e os pensamentos automáticos exercem influência nas reações dos indivíduos frente às circunstâncias. São os fatores internos do stress.

O indivíduo estressado percebe, interpreta, julga, classifica e processa as informações de uma determina situação segundo suas crenças disfuncionais (Alcino, 2007), de acordo com sua maneira de ver o mundo. As distorções cognitivas (forma inadequada de pensar e julgar os eventos), que são reproduções das crenças irracionais, geram mais ansiedade e estresse, pois o pensamento negativo exerce um impacto negativo sobre a emoção, comportamento, e fisiologia.

Por mais que existam as fontes estressoras externas (situações estressoras), estas não são de fato geradores do stress, mas sim o significado que o indivíduo dá aos eventos em seu aspecto geral. Portanto uma mesma situação pode ser avaliada por uma pessoa como uma tragédia e pela outra pessoa como um desagrado.

Para Lazarus e Folkman (1984 p. 19), o stress é “uma relação particular entre a pessoa e o ambiente que é avaliado pela pessoa como desgastante ou superior a seus recursos de enfrentamento e ameaçador a seu bem-estar”.

Estas são as 11 crenças irracionais (mais tarde a TCC trocou definitivamente o termo “irracional” pelo “disfuncional”, já que houve questionamentos sobre o termo utilizado pelo autor) de Ellis (1962) para melhor ilustração:

1- Crença de que se deve ser estimado ou aprovado por todas as pessoas virtualmente importantes em sua vida.

2- Crença de que “deve-se ser plenamente competente, adequado e realizado sob todos os aspectos possíveis, para que possa considerar-se digno de valor”.

3- Crença de que “é horrível e catastrófico quando as coisas não acontecem do modo como eu gostaria muito que acontecessem”.

4- Crença de que “certas pessoas são más e perigosas ou desprezíveis e deveriam ser censuradas e punidas por suas maldades”.

5- Crença de que “a infelicidade humana é causada por razões externas e as pessoas têm pouca ou nenhuma capacidade de controlar seus sofrimentos e preocupações”.

6- Crença de que “se alguma coisa é ou pode ser perigosa ou assustadora, deve-se ficar terrivelmente preocupado e ficar ruminando sobre sua possível ocorrência”.

7- Crença de que “é mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades e responsabilidades pessoais na vida”.

8- Crença de que “uma pessoa é dependente das outras e precisa de alguém mais forte do que ela para poder confiar e apoiar-se”.

9- Crença de que “o passado de uma pessoa é o determinante pessoal de seu comportamento atual e, pelo fato de alguma coisa ter afetado seriamente a vida da pessoa, deverá influir indefinidamente sobre ela”.

10- Crença de que “deve-se ficar extremamente preocupada com os problemas de outras pessoas”.

11- Crença de que “há invariavelmente uma solução certa, precisa e perfeita para os problemas humanos e de que é catastrófico se essa solução perfeita não é encontrada”.

É possível observar o absolutismo e rigidez das crenças disfuncionais.

Caso um indivíduo expresse três ou mais das crenças citadas, possivelmente este estará produzindo stress.

Ainda, Lipp (2001) pontua 15 principais fontes internas de stress: “Pensamentos rígidos e estereotipados; valores antigos que não se adaptam à realidade atual; expectativas impossíveis de ser preenchidas; negativismo, pessimismo, mau humor; não saber dizer ‘não’ às demandas dos outros; níveis de ansiedade muito acentuados; níveis de depressão altos; competição constante; pressa como um modo de viver; inabilidade de perdoar e esquecer o passado; perfeccionismo; pensamentos obsessivos; insegurança; raiva e egoísmo”.

Algumas destas maneiras de pensar e proceder deixam os indivíduos em vulnerabilidade, estabelecendo uma tensão profunda. Eis as vulnerabilidades humanas criadoras de stress enumeradas por Lipp (2001):

1. Vulnerabilidade à Frustração. Ex.: “ Não suporto quando as coisas não saem do jeito que antecipei”.

2. Vulnerabilidade à Pressa. Ex.: “ Não me faça perder tempo”.

3. Vulnerabilidade à Solidão. Ex.: “ Tenho angústia de ficar só em casa”.

4. Vulnerabilidade ao Tédio. Ex.: “ Não gosto de coisas monótonas, repetitivas - me dão nervoso”.

5. Vulnerabilidade à Sobre-carga de Trabalho. Ex.: “Não consigo trabalhar bem, sei que tenho uma pilha de coisas para fazer”.

6. Vulnerabilidade à Ansiedade. Ex.: “Na véspera de algo importante, fico muito angustiado, mesmo sabendo o que fazer”.

7. Vulnerabilidade à Depressão. Ex.: “Para quê trabalhar tanto se nada tem graça”.

8. Vulnerabilidade à Raiva. Ex.: “Não gosto de ter muito contato com gente, sei que vão fazer algo que me dará raiva”

9. Vulnerabilidade a Pensamentos destorcidos. Ex.: “Todo mundo quer tirar vantagem de todos, logo não se pode confiar em ninguém”.

10. Vulnerabilidade Ao Perfeccionismo. Ex.: “Tenho que olhar tudo, pois ninguém aqui faz nada direito”.

11. Vulnerabilidade à Aprovação. Ex.: “Tenho que fazer tudo certinho, pois o que vão pensar de mim?”

12. Vulnerabilidade ao Negativismo. Ex.: “A laranja esta bonita, mas deve estar azeda”.



Sintomas do Stress:




Então se conclui que a soma dos estressores externos e internos contribuem para a produção de stress.



Bibliografia



LIPP, M.E.N. (org). O Stress está dentro de você. São Paulo: Contexto, 2003.
LIPP, M. E. N. O Stress e a Beleza da Mulher. São Paulo : Connection books, 2001.


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